HOMÍLIA
DO DECIMO NONO DOMINGO DO TEMPO COMUM
“Naqueles dias, Elias entrou deserto
adentro e caminhou o dia todo”. Caminhar é próprio de todo àquele que acredita
no Senhor. Lembremos a caminhada de Abraão, do povo de Deus também pelo
deserto. Do próprio Jesus que caminhou e se fez caminho quando afirmou: “Eu sou
o caminho...”.
Os peregrinos da Bíblia não caminham a
esmo. Só um caminha a esmo, o Diabo, pois quando Deus perguntou no livro de Jó
o que o Diabo estava fazendo ele respondeu: estou caminhado a esmo. Para os
homens de Deus a caminhada tem um objetivo: é sempre para o encontro com Deus. Abraão
caminhou para o lugar que Deus lhe havia indicado, Moises para a terra
prometida, Elias caminhou para o Horeb, a montanha de Deus, Jesus caminhou para
a cruz e a ressurreição, a multidão do apocalipse para o Reino de Deus.
Para Agar, escrava de Abraão, Deus
perguntou “Para onde você vai”. Aqui podemos refletir: E eu estou caminhado
para onde? Eu caminho a esmo como o Diabo? Qual o objetivo da minha vida?
A montanha para o qual o Profeta se
dirige é imagem do Céu, e o trajeto de quarenta dias representa a longa viagem
que vem a ser a nossa passagem pela terra; uma viagem semeada também de
tentações, cansaços e dificuldades que por vezes nos fazem fraquejar o ânimo e
a esperança. Mas, de maneira semelhante ao Anjo, a Igreja convida-nos a
alimentar a nossa alma com um pão totalmente singular, que é o próprio Cristo,
presente na Sagrada Eucaristia. Nele encontramos sempre as forças necessárias
para chegarmos até o Céu, apesar da nossa fraqueza.
Hoje, o Senhor recorda-nos vivamente a
necessidade que temos de recebê-Lo na Sagrada Comunhão para termos forças e
assim podermos fazer a nossa caminhada, para vencermos as tentações, para que a
vida da graça recebida no Batismo se desenvolva em nós.
A
Eucaristia não é somente alimento para o nosso caminho, não somente sustento da
nossa vida, não somente é penhor de vida eterna, como também nos dá a graça do
Santo Espírito, que nos faz ser um só corpo em Cristo. Comungando do Corpo do
Senhor na Eucaristia, nós nos tornamos cada vez mais unidos no corpo do Senhor,
que é a Igreja! Assim viveremos o que diz a segunda leitura: “Vivei no amor,
como Cristo nos amou e se entregou a si mesmo a Deus por nós, em oblação e
sacrifício de suave odor”. A nossa participação no sacrifício eucarístico de
Cristo deve nos levar a um novo modo de viver que significa comunhão com Deus e
com os irmãos: “Sede bons uns para com os outros, sede compassivos; perdoai-vos
mutuamente, como Deus vos perdoou por meio de Cristo”.
Quem
comunga em estado de graça recebe o próprio Cristo, fonte de toda a graça. A
Eucaristia é, por isso, o maior sacramento, o centro e cume de todos os demais.
A presença real de Cristo dá a este sacramento uma eficácia sobrenatural
infinita.
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