HOMILIA
DO VIGESIMO QUARTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
A liturgia deste domingo nos ajuda a
refletir sobre o conhecimento que possuímos da pessoa de Jesus. Partindo da
imagem que temos do Senhor viveremos o nosso discipulado. Sabemos que Jesus é
mistério. Paulo dizia que desejava perder tudo para conhecer Jesus Cristo, mas
o conhecimento de Jesus exige a convivência com ele, pois Jesus é uma pessoa,
não uma ideia.
Diante da pergunta de Jesus Pedro
responde ser ele o Messias, porém, Pedro não entendeu o tipo de messianismo de
Jesus e quando Este lhes falou da cruz, Pedro começou a admoestá-lo que isso não
podia acontecer com Ele. Jesus repreende a Pedro. No lecionário litúrgico a
tradução das palavras de Jesus está do seguinte modo: “Vai para longe de mim,
Satanás!”. Na realidade a tradução mais correta seria: “Vai-te para trás de
mim, Satanás!”
Jesus ao repreender a Pedro é como se
dissesse pó seguinte: Pedro eu sou o mestre, você é o discípulo. O discípulo não
deve ir à frente do Mestre, por isso, você deve ir para trás de mim. Jesus não pede
que Pedro se afaste D’ele e sim que Pedro seja discípulo. Nós queremos seguir
Jesus ou nos colocamos a frente de Jesus com a nossa lógica humana como fez
Pedro?
Os apóstolos pela boca de Pedro
responderam quem era Jesus depois de dois anos de convivência com o Mestre. Para
conhecermos Jesus temos que entrar em sua escola, seja o estudo da vida de
Jesus o momento mais importante do nosso dia. É preciso abrir os evangelhos,
estudá-los, rezar com eles e visita Jesus que nos espera no sacrário.
A primeira preocupação do cristão deve
consiste em viver a vida de Cristo, em incorporar-se a Ele, como os ramos à
videira. A nossa vida depende da vida de Jesus. A exigência do Senhor inclui
renunciar a própria vontade para identificá-la com a de Deus.
As palavras de Jesus devem ter parecidos
assustadoras para os discípulos. Jesus pede a renúncia de si mesmo, a carregar
cada um a sua cruz e a segui-lo. A meta é a vida eterna. A vida terrena é
transitória, relativa; é um meio para chegarmos ao céu. São Josemaria Escrivá
dizia: “Tudo que te preocupa no momento, é mais ou menos importante- o que
importa acima de tudo é que te salves”.
São Cesário de Arles dizia: “O cristão
toma a sua cruz quando, começando a praticar a Palavra de Deus começa a ter
muitos que o contradizem e o perseguem. E não somente os que estão de fora, mas
também daqueles que parecem estar dentro do corpo da igreja, mas que na
realidade estão fora devido às maldades dos seus corações. Os que se gloriam
com o nome de cristãos, mas perseguem e maltratam os que vivem a Palavra de
Deus. Quem pretende seguir Jesus deve tolerar os pecadores, as perseguições, as
cruzes impostas pelos seus próprios irmãos”.
O levar a cruz que Jesus nos propõe não
é difícil, pois ele mesmo promete a sua ajuda. O que o Senhor deseja é que
cresçamos no amor. O homem amando a si mesmo perece, mas encontra a verdadeira
vida negando-se a. Como dizia São João da Cruz “é perdendo tudo que encontramos
o tudo”.
O fim do homem não é ganhar os bens
temporais que são apenas meio, o fim último do homem é o próprio Deus. Jesus
indica qual é o caminho para conseguir este fim: negar-se a si mesmo e levar a
cruz. Por que nenhum bem terreno é comparável a salvação de nossa alma. Santo
Tomás dizia: “O menor bem da graça é superior a todo o bem do universo”.
O
conhecimento de Jesus passa pela ciência da cruz. Abracemos a cruz de cada dia,
carreguemos a cruz do Senhor.