quarta-feira, 31 de outubro de 2012

HOMILIA DO TRIGESIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM


HOMILIA DO TRIGESIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM

            Na primeira leitura escutamos que Deus lembrou-se do seu povo e ele mesmo se torna o seu guia no caminho de volta para a terra prometida. A volta do povo do exílio, a cura do cego é uma figura da conversão interior, da saída das trevas para a luz.
            Depois de uma vida de cegueira espiritual pode o homem ser esclarecido pela luz divina e entrar no caminho reto que o leva até Deus. Embora o caminho da conversão seja difícil nos primeiros passos, Deus, como pai amoroso, vai ao encontro de sua criatura, conforta-a coma a graça, sustenta-a na luta, auxilia na caminhada.
            No Evangelho encontramos o mesmo tema sob o duplo aspecto da cura e da conversão a Cristo de um cego. Jesus saindo de Jericó, a palavra Jerico na Bíblia segundo Orígenes significa o mundo. Encontra um cego a beira do caminho que lhe suplica misericórdia. Nos atos dos Apóstolos a palavra caminho significa a Igreja. O homem está à margem da Igreja, está fora da Igreja, por isso está cego, pois está distante da luz que é Jesus. Percebendo que é Jesus que passa começa a gritar. Alguns querem que ele se cale, mas o cego insiste, sabe que em Jesus pode encontrar a salvação. O Senhor manda chamá-lo. Os que vão ao cego dizem: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”.
             Jesus acolhe o pedido do cego e ilumina os seus olhos. Ele agora pode ver Jesus. Mas, não somente o vê, ele vai segui-lo. Santo Agostinho dirá: “A luz exterior que ilumina Bartimeu reflete a luz interior que o conduz a conversão. A fé lhe abriu os olhos. Conheceu Deus e o Filho de Deus humanado”.
            Na segunda leitura Cristo nos é apresentado como Sacerdote, designado pelo Pai em favor dos homens. Dirá Santa Catarina de Sena: “Impossível chegar a Deus sem passar por essa ponte, Jesus Cristo, que une a terra com o céu”.
            Cristo é aquele que passa em nossa vida. Passa através de tantas situações seja uma doença, uma dificuldade. Também para nós alguém diz: “Coragem, levanta-te, Jesus te chama”.
            O Senhor nos chama, ele sabe de nossos problemas, da cegueira que se encontra em nossos corações. Tomemos cuidado para que Jesus passe por nós e não volte mais. Não podemos deixar que a graça passe como a água da chuva sobre a terra dura. Temos que fazer como este cego gritar para Jesus muitas vezes. Ele se volta para nós e pergunta que queres de Mim. Senhor que eu veja e seja iluminado pela tua infinita misericórdia.

sábado, 20 de outubro de 2012

HOMILIA DA SOLENIDADE DE SÃO JUDAS


HOMILIA DA SOLENIDADE DE SÃO JUDAS
Estamos celebrando neste domingo a festa do nosso padroeiro São Judas Tadeu. Celebramos a festa de um apóstolo. A palavra apóstolo significa enviado. São Judas Tadeu discípulo de Jesus depois foi enviado em missão para anunciar o evangelho.
            Refletir sobre a vida dos apóstolos significa refletir sobre o fundamento de nossa fé. É claro que não pode haver outro fundamento senão Jesus Cristo. Somente ele é o caminho, a verdade e a vida. Mas foi desejo de Jesus que a Igreja tivesse como fundamento os apóstolos e os profetas.
 Este ano o Papa Bento XVI lançou em toda a Igreja o Ano da Fé. Há uma crise de fé na Igreja. Já não se acredita mais. Como já dizia São Paulo somos "sacudidos pelas ondas e jogados cá e lá por qualquer vento de doutrina?".
A nossa fé deve ser uma fé adulta e "Adulta" não é a fé que segue as ondas da moda e das novidades; adulta e madura é uma fé profundamente radicada na amizade com Cristo, que nos abre a tudo o que é bom e nos dá o critério para discernir entre verdadeiro e falso, entre engano e verdade. É esta fé adulta que devemos maturar, é a esta fé que devemos guiar o rebanho de Cristo. Só esta fé - só a fé - cria unidade e se realiza na caridade.
Quanto vento de doutrina fomos conhecendo nestas últimas décadas, quantas modas de pensamento... A fé de muitos cristãos foi frequentemente agitada por estas ondas, atirada dum extremo ao outro.  A cada dia nascem novas seitas e se realiza o que disse São Paulo sobre o engano dos homens, sobre a astúcia que instiga no erro. Ter uma fé clara, segundo o Credo da Igreja, é muitas vezes etiquetado de fundamentalismo. Ao passo que o relativismo (isto é, o deixar-se levar "de cá para lá por qualquer vento de doutrina") aparece como a única atitude à altura dos tempos modernos. Vai-se constituindo uma ditadura do relativismo que não reconhece nada como definitivo e que deixa como última medida só o próprio "eu" e a sua vontade (Bento XVI).
O católico com frequência não conhece nem mesmo o núcleo central da própria fé, do Credo. Não tem clareza sobre as verdades a serem acreditadas e sobre a singularidade salvífica do cristianismo. Somente a fé que tem como base os apóstolos é que pode nos dar o norte da nossa existência. Nesta festa convido a todos nós a renovarmos a profissão de fé que veio dos apóstolos.

HOMÍLIA DO VIGÉSIMO OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM


HOMÍLIA DO VIGÉSIMO OITAVO DOMINGO DO TEMPO COMUM
A liturgia deste domingo fala do valor da sabedoria que deve ser buscada acima de todos os bens. Salomão na primeira leitura pede a Deus sabedoria, mais do que qualquer outra coisa. A riqueza passa, a sabedoria divina não se extingue, é eterna.
A sabedoria divina comunica-se aos homens por meio da Palavra de Deus. Na segunda leitura escutamos que esta palavra é viva e eficaz, penetra o mais intimo do ser humano e tem o poder de julgar todas as suas ações.
Aquele que quer deixar-se guiar pela sabedoria divina deve meditar a Palavra de Deus, deve aceitar que esta penetre em seu coração para iluminar e assim ajudá-lo a se desprender de todas as coisas que não estão em conformidade com ela. 
No evangelho um jovem pergunta a Jesus: O que é preciso fazer para alcançar a vida eterna?  Jesus responde: além da pratica dos mandamentos é preciso assumir os valores do Reino e segui-lo no caminho do amor a Deus e da entrega aos irmãos. Porém não esqueçamos que a vida eterna é sempre um dom gratuito de Deus, fruto da sua bondade, da sua misericórdia, do seu amor pelo homem; no entanto, é um dom que o homem aceita, acolhe e com o qual se compromete.
 Ora, Jesus convida o homem rico a mudar de mentalidade. Não se trata de vida eterna a ganhar, mas de seguir Jesus. A vida eterna é estar com Jesus! Eis a grande transformação a que Jesus vem provocar. Não se trata primeiro de fazer esforços para obedecer a mandamentos, trata-se primeiro de entrar numa relação de amor com Jesus. Trata-se de descobrir que Jesus nos ama. Por isso, “Jesus olhou para ele com amor”.
É este olhar que transforma tudo. Jesus quer fazer compreender ao homem rico que lhe falta o essencial: deixar-se amar em primeiro lugar, descobrir que todos os seus bens materiais nunca poderão preencher esta necessidade vital para todo o homem de ser amado. Senão, é impossível aprender a amar.
As riquezas são mesmo um obstáculo ao amor, porque as pessoas se tornam egoístas e o amor para ser verdadeiro precisa dizer ao outro: “Preciso de ti. Sem ti, serei pobre em humanidade”. Aprendamos que só há uma riqueza verdadeira: ser humano e está só adquirimos nos relacionando com os outros.
As riquezas do homem impediram-no de ler tudo isto no olhar de Jesus. O homem partiu. Jesus não lhe retirou o seu amor, acompanhou-o com o seu olhar de amor, como o pai do filho pródigo.

HOMÍLIA DO VIGESIMO SETIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM


HOMÍLIA DO VIGESIMO SETIMO DOMINGO DO TEMPO COMUM
O homem traz em si a exigência do encontro com um ser capaz de comunhão com ele. A estrutura sexual do homem e da mulher, como toda a sua existência corporal deve ser compreendida como presença, linguagem, reconhecimento do outro.
O mistério do homem e da mulher não está no homem ou na mulher separadamente, mas na comunhão de toda a pessoa até um verdadeiro diálogo fecundo e aberto. Neste diálogo entra a presença de Deus. Ele se faz presente desde o primeiro instante da vida matrimonial dando a sua benção e garantindo de sua parte a sua graça.
Na primeira leitura escutamos que o profundo laço que une o homem e a mulher há duas características essenciais: é superior a qualquer outro laço, inclusive o dos pais e é tão intimo que os dois serão um único ser. Por isso que Jesus reafirma a indissolubilidade do vínculo matrimonial que na antiga lei havia sido minimizada.  
Uma criatura se dá a outra criatura humana. Muito serio é o compromisso entre os dois. Jesus não entende o matrimonio só como uma instituição exterior. Toda pessoa, até o mais íntimo de seu ser, deve manter-se livre para a outra. Para Jesus trata-se de dar ao amor a sua maior e mais duradoura oportunidade. 
Na sociedade do descartável onde não se tem coragem de assumir compromissos duradouros as palavras de Jesus são consideradas duras. O individualismo não permite compromissos sérios. A preocupação do homem pela própria felicidade o faz centrar-se em si mesmo impedindo-o a doação. Mas, não esqueçamos que sem doação jamais conseguiremos ser felizes e realizar a nossa existência com satisfação.
Através dos acontecimentos da vida o amor entre o homem e a mulher é chamado a transformar-se e a se renovar tornando o amor mais concreto, mais autêntico. O amor não envelhece, mas amadurece fazendo-o ser mais adulto. Pois o amor do homem é parte do amor de Deus que é eterno.
 E quanto aos irmãos que fracassaram em sua aliança conjugal e estão vivendo uma nova união?  O documento: Familiares Consortio do papa João Paulo II exorta os pastores e a inteira comunidade dos fiéis a ajudar os divorciados, promovendo com caridade solícita que eles não se considerem separados da Igreja, podendo, e melhor devendo, enquanto batizados, participar na sua vida. Sejam exortados a ouvir a Palavra de Deus, a frequentar o Sacrifício da Missa, a perseverar na oração, a incrementar as obras de caridade e as iniciativas da comunidade em favor da justiça, a educar os filhos na fé cristã, a cultivar o espírito e as obras de penitência para assim implorarem, dia a dia, a graça de Deus. Reze por eles a Igreja, encoraje-os, mostre-se mãe misericordiosa e sustente-os na fé e na esperança.

HOMÍLIA DO VIGESIMO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM


HOMÍLIA DO VIGESIMO QUINTO DOMINGO DO TEMPO COMUM
A Igreja de Cristo forma o corpo de Cristo onde somos chamados a viver na unidade, a seguir a sabedoria do alto, a termos um coração pacifico. O cristão tem a missão de construir o Reino de Deus, reino de paz e de justiça. A comunidade cristã deve ser lugar de reconciliação, do perdão e da festa. Mas nem sempre vivemos assim, já desde os primórdios enquanto o divino Mestre anuncia a sua morte iminente, os apóstolos estão discutindo sobre quem é o maior, o mais importante.
Sempre a maldita necessidade de se sobrepor aos outros, ser o grande, ser aquele onde todas as coisas giram. O homem sempre deseja ser o “umbigo do mundo”. Ter como diz São Paulo uma estima maior do que lhe convém. Dai, nascem às divisões, as brigas, as guerras como afirma Tiago. Sabemos que isso não convém a cristãos. Como dizia São Bernardo “como é que queremos ser coroados com uma coroa de ouro enquanto o nosso Rei esta coroado com uma coroa de espinho?”.
A carta de Tiago nos ajuda a responder de onde vêm as divisões. Colocamos a culpa nos outros. São eles que precisam se converter. Tiago da outra resposta: O problema não são os outros, mas as nossas paixões que fazem guerra dentro de nós.
São Doroteu de Gaza dá o seguinte exemplo: uma pessoa está em paz, de repente chega alguém e o agride, ele se vê perturbado por uma palavra ofensiva ficando com raiva e diz em seu íntimo: “Se este irmão não tivesse vindo me perturbar, eu não teria pecado”. É um raciocínio falso. O outro irmão apenas revelou a paixão que já estava no coração dele. Assim, esse irmão se parece com um pão de trigo puro, exteriormente de bom aspecto, mas que, uma vez partido, deixasse ver sua podridão. Acreditava-se em paz, mas trazia uma paixão que ignorava. Uma única palavra de seu irmão revelou a podridão escondida em seu coração.
A cura para as nossas paixões Jesus oferece no evangelho apresentando uma criança aos apóstolos carreiristas: a humildade. A humildade encontra-se na raiz de todas as virtudes. Ela remove os obstáculos para que a pessoa receba as graças de Deus. A humildade se funda na verdade e na justiça. Dizia Santa Tereza D’Avila que a humildade é a verdade. Ela nos concede o conhecimento mais profundo de nós mesmos. São João Crisóstomo afirmava que: “Nada torna o cristão mais admirável do que a sua humildade”
Um dia santo Antão disse: Vi todas às emboscadas de Satanás espalhadas sobre a terra para derrubar os cristãos.  E disse gemendo: quem poderá vencer estas armadilhas? E ouvi uma voz: a humildade.
Enfim como diz São Gregório que nenhum orgulho se manifeste entre vocês, e sim a simplicidade, a harmonia, e a atitude sensível, pois é isto que faz a comunidade crescer.