terça-feira, 29 de maio de 2012

HOMILIA DO DOMINGO DE PENTECOSTES

HOMILIA DO DOMINGO DE PENTECOSTES
Há cinquenta dias passados estávamos a celebrar o domingo da páscoa do Senhor, com muita alegria proclamávamos que o Senhor Jesus ressuscitou. Hoje encontramos a razão de nossa alegria. Ele nos concedeu o dom do Espírito Santo. Os Santos Padres da Igreja diziam que toda a missão do Filho de Deus neste mundo era conceder aos homens o Espírito Santo. Eis que este dia chegou.
Os apóstolos estavam de portas fechadas com medo dos judeus. Somente a força do Espírito Santo transformou homens tímidos em anunciadores do Evangelho. Quantas vezes o medo paralisa a nossa ação evangelizadora: medo do fracasso, de enfrentar o mundo, medo de não conseguir testemunhar a Palavra, das críticas, medo das forças do Demônio. A união com o Espírito nos liberta destes medos.
Recebemos o Espírito Santo pela participação nos sacramentos. Fomos batizados em Nome do Pai e do Filho e do Espírito Santo,  quando crismados recebemos também o Espírito e também quando recebemos a Eucaristia. Santo Éfrem, diácono do século III dizia que “ao recebermos a Eucaristia recebemos fogo” e na Oração Eucarística de número 3 rezamos: “alimentando-nos com o corpo e o sangue do vosso Filho sejamos repletos do Espírito Santo”.
Mas não basta receber o Espírito, é necessária a convivência com Ele e para isso   é necessário a oração. Ela é a força motriz de toda a vida espiritual, de todos os esforços humanos. É a conversação com Deus, é a relação pessoal com Deus, é a união com Deus, é a bússola do coração das virtudes.  A oração é a expressão da vida do Espírito Santo em nós, é o respirar do espírito, é o que mede a grandeza da nossa vida espiritual. A Igreja respira com a oração e esta só é autentica quando nos vem do Espírito Santo.  Devemos orar sem cessar até que ó Espírito Santo desça sobre nós.
Houve quem perguntasse a um Padre do deserto: "Qual a perfeição da oração?" O Padre se pôs de pé, estendeu as mãos para o céu e os seus dedos se tornaram como dez velas acesas, Disse o Padre então: Deves tornar-te todo fogo.
O Espírito é necessário para a edificação da Igreja. É o Espírito Santo que inflama a alma sem cessar e a une a Deus. Princípio ativo por natureza, o Espírito Santo tem uma particular natureza de fogo. No mundo espiritual, esta Força-Fogo derrama sobre as criaturas as chamas da graça que nos faz participar da natureza divina. Flamejando línguas de fogo que vão pousar sobre a fronte dos eleitos, circundando-os de glória, a graça com os seus dons diversas, doados pelo Espírito Santo, doador por excelência.
O Espírito Santo derrama sobre a alma os seus carismas e faz da criatura o reflexo vivo do esplendor do Verbo, revestindo-a da glória de Cristo-Deus. O cristão cheio do Espírito Santo é transformado em Jesus Cristo. É a festa trinitária na vida do cristão. São João da Cruz afirma que “é no mais intimo do cristão onde o demônio não pode chegar que se passa esta festa do Espírito Santo”.  É no centro de nossa alma que o Espírito pode operar a nossa santificação. Tomemos consciência desta presença.

domingo, 20 de maio de 2012

HOMÍLIA DO DOMINGO DA ASCENSAO DO SENHOR

HOMÍLIA DO DOMINGO DA ASCENSAO DO SENHOR
            Hoje Cristo diante dos olhos dos seus discípulos sobe ao céu. É a sua entrada triunfal na glória depois das humilhações da paixão. É à volta para a casa do Pai. Os evangelistas narram o acontecimento com muita sobriedade, mas mesmo assim ressaltam o poder e a glória de Cristo.
            Não podemos conceber a ascensão de Cristo como “a sua subida para um espaço no alto”. É preciso perceber o seu significa mais profundo: A ascensão de Cristo significa que através de Cristo a humanidade lugar. O céu não é um lugar acima das estrelas, é algo muito maior: o céu é o fato de que o homem tem lugar em Deus. Isto se tornou possível devido à união da humanidade com a divindade neste homem Jesus Cristo que agora é elevado a gloria do céu. Marcos ao narrar o batismo de Jesus afirmou que o céu se rasgou. O céu se abre para que o homem tenha em Cristo acesso a Deus. 
            Assim Cristo exaltado se torna o céu, pois este não é um lugar mais uma pessoa: Jesus Cristo, no qual Deus e o homem estão unidos de modo inseparável. Vamos para o céu e até penetramos no céu na medida em que vamos para Jesus Cristo e até penetramos nele.
            Compreendemos por que os apóstolos estão alegres, pois a ascensão para eles não significava uma despedida, uma ausência de Cristo no mundo, pelo contrário com a ascensão inaugurava-se uma nova presença dele no mundo. Santo Agostinho afirmava: “O Senhor Jesus Cristo não deixou o céu quando veio ate nós; também não se afastou de nós quando subiu novamente ao céu, por isso, ele continua sofrendo na terra através das tribulações que nós os seus membros enfrentamos”.
            Celebrar a ascensão de Cristo é expressar alegria e esperança. A esperança de que Deus tem um espaço para o homem e de que nele já somos vitoriosos. Mais uma vez Agostinho afirma que: “Devemos trabalhar aqui na terra de tal modo que, pela fé, esperança e caridade já descansemos com ele no céu. Cristo está no céu, mas também está conosco e nós permanecendo na terra, estamos também com ele. Por sua divindade, por seu poder e por seu amor ele está conosco, nós podemos realizar a nossa união com ele pelo amor que temos para com ele.
            Cristo desceu do céu para que nós subamos com ele. Meditando neste mistério da vida de Jesus tomemos consciencia de que a nossa pátria é o céu e de que o céu é estar com ele.

HOMÍLIA DO SEXTO DOMINGO DA PASCOA

HOMÍLIA DO SEXTO DOMINGO DA PASCOA
            A Palavra de Deus hoje nos aponta para Pentecostes que celebraremos daqui a quinze dias… O fruto da morte e ressurreição de Jesus é o dom do seu Espírito, que permanece conosco e torna Jesus presente a nós, vivo e vivificante! Estejamos atentos, meus caros: todos temos o mesmo Espírito de amor e no amor que é esse Espírito devemos viver e dar frutos que permaneçam.
A Igreja não é uma comunidade de amiguinhos simpáticos entre si; não é a reunião de pessoas interessantes e bem relacionadas! Somos a Comunidade reunida em nome de Cristo nascidos no Batismo no seu Espírito Santo.
O Espírito Santo chega aos homens através de Jesus. Ele derrama sobre os homens o amor do seu Pai, amando-os com o mesmo amor que é amado por Ele. E quer que os seus discípulos vivam neste amor. E tal como Jesus permanece no amor do Pai cumprindo a sua vontade os seus discípulos devem permanecer no seu amor cumprindo com a sua vontade.
A certeza de que Deus nos ama é a raiz da alegria e do gozo cristão, mas ao mesmo tempo exige a nossa correspondência fiel, que deve traduzir-se num desejo fervoroso de cumprir a Vontade de Deus em tudo, isto é, os seus mandamentos, à imitação de Jesus Cristo que cumpriu a vontade do Pai. Jesus insiste no mandamento novo.
A amizade de Cristo com o cristão, que o Senhor manifesta de modo particular neste evangelho, foi posta em realce na pregação de São Josemaria Escrivá: “A vida do cristão que decide comportar-se de acordo com a grandeza de sua vocação converte-se num eco prolongado daquelas palavras do Senhor: já não vos chamo servos, pois o servo não sabe o que fez o seu senhor. Eu vos chamo amigos, porque vos dei a conhecer tudo o que ouvi de meu Pai. Estar pronto a seguir docilmente a vontade divina abre horizontes insuspeitados perdemos a situação de escravos para nos tornarmos amigos, filhos”.
 Filiação e amizade são duas realidades inseparáveis para aqueles que amam a Deus. A Ele acorremos como filhos, num diálogo que há de encher toda a nossa vida; e como amigos. A filiação divina leva a que, a abundância de vida interior se traduza em atos de apostolado, tal como a amizade com Deus leva ao serviço de todos: temos de utilizar esses dons de Deus como instrumentos para ajudar os homens a descobrirem Cristo.

quarta-feira, 9 de maio de 2012

HOMÍLIA DO QUINTO DOMINGO DA PASCOA – ANO A

HOMÍLIA DO QUINTO DOMINGO DA PASCOA – ANO A
            Nestes últimos domingos da páscoa haveremos de ouvir nos evangelhos o discurso proferido por Jesus na última ceia.
            Escutamos no evangelho Cristo afirmando para cada um de nós que não devemos ter medo. Cristo ressuscitado caminha conosco, ele é a nossa verdadeira vida.
            Tomé ao perguntar para Jesus sobre qual o caminho para chegar ao Pai ganha como resposta a preciosa afirmação de Jesus: Eu sou caminho, a verdade e a vida. Os apóstolos pensavam em um caminho material, mas Jesus indica um caminho espiritual tão sublime que se identifica com a sua pessoa. Em Cristo está a verdade, a vida e o caminho para atingirmos esta verdade.
            Jesus é o caminho para o Pai pela sua doutrina, e também pela fé, pois seguindo os seus ensinamentos o homem chega ao Céu obtendo a vida eterna. Mas, também Cristo é o caminho pelo seu exemplo, pois ninguém pode ir ao Pai senão imitando a vida do Filho. Ele é o caminho em plenitude porque nos revela o Pai com quem ele é um.
            Santo Agostinho afirma: Cristo não é apenas o caminho, ele também é a meta para onde se dirige este caminho: para a verdade e a vida.
            Só há um meio de o homem se salvar: seguir Jesus, escutar a sua palavra, deixar-se invadir pela sua vida. Desse modo já não vive apenas em comunhão com Cristo, mas também com o Pai.
            Toda a Igreja está fundamentada nesta fé em Cristo que é a pedra viva rejeitada pelos homens. Todo aquele que crê em Cristo e faz dele o caminho, a verdade e a vida, torna-se na igreja uma pedra viva na construção do Reino de Deus.
            O Cristão é aquele que tem a missão de apresentar Cristo ao mundo. Pois, todo homem consegue compreender a verdade e a vida; mas nem todos encontram o caminho. Os sábios deste mundo podem ate compreender que Deus é a verdade, mas somente Cristo que é e plena verdade foi quem se fez caminho ao assumir a nossa natureza humana. Se caminharmos contemplando a humildade de Cristo poderemos chegar até Deus.
            Santo Ambrosio meditando este evangelho afirma: Nós te seguimos Senhor Jesus. Mas, para te seguirmos chama-nos, pois sem ti, ninguém pode subir. Porque tu es o caminho a verdade e a vida. És nosso socorro, nossa fé, nosso prêmio. Acolhe os que são teus, tu que és o caminho; fortalece-os, tu que és a verdade; vivifica-os tu que és a vida.