domingo, 29 de abril de 2012

HOMÍLIA DO TERCEIRO DOMINGO DA PASCOA

HOMÍLIA DO TERCEIRO DOMINGO DA PASCOA
Na primeira leitura Pedro dirigindo-se ao povo de Israel afirma “O Cristo de Deus haveria de sofrer”. Palavras misteriosas que somente a luz do Espírito Santo poderemos encontrar o seu “sentido oculto”, como já diziam os Padres da Igreja. Este leitura a Igreja nos oferece no Tempo da Páscoa. Páscoa que significa “passagem”.  Passagem do homem velho para homem novo. O homem velho precisa morrer para que surja o homem novo.  Aprendamos hoje que para vivermos a páscoa temos que passar pelo portal da morte. Até mesmo o Cristo para entrar na sua glória passou pela cruz.
Ressurreição significa “ficar de pé, levantar-se”. O homem, mediante a Cruz vivificante, passa da posição horizontal, do homem rasteiro ao estado vertical, isto é, de Homem Novo. A Cruz é uma chave de vida colocada acima do crânio (Gólgota), é um instrumento de transfiguração que ordena o espaço-tempo e que se abre, em seu coração, à eternidade, ao infinito. Não é um patíbulo com um cadáver cravado.
As dificuldades, os sofrimentos cotidianos devem ser ponte onde a nossa existência se redireciona para a comunhão com Deus, para a Vida O sofrimento, tanto o físico quanto o espiritual, não nos deve oprimir nesta vida, mas sim serem vivenciados em profundidade como meio de cada um de nós atingirmos a Vida de Deus.  Não há dor que possa levar a alma até a morte, a não ser a dor da infâmia e do pecado.
No Evangelho encontramos Jesus que diante do desanimo dos discípulos lhes abre a compreensão das Escrituras, começando por Moisés e percorrendo todos os profetas, mostrando que tudo quanto sofrerá já estava predito. A fonte de onde promana a compreensão das Escrituras é a vida, paixão e ressurreição de Jesus. Toda a Bíblia só tem sentido como revelação divina em Cristo e na Igreja. Desvincular a Escritura Sagrada de Cristo e da Igreja é transformá-lo num mero livro de literatura. Neste caso, eu não sei se ela teria muito êxito.
Todos os relatos das aparições de Jesus ressuscitado falam das dificuldades que os discípulos sentiram em acreditar em Jesus.  Essa dificuldade significa que a ressurreição de Jesus não foi um acontecimento cientificamente comprovado. Nos relatos das aparições de Cristo ressuscitado, os discípulos nunca são apresentados como um grupo ingênuo, prontos a aceitar qualquer ilusão; mas como um grupo crítico, que só reconheceu Jesus vivo depois de um caminho longo, difícil. O caminho da fé não é o caminho das provas palpáveis: mas é um caminho que se percorre com o coração aberto à revelação de Deus, pronto para acolher a experiência de Deus e da vida nova que Ele quer oferecer. Foi esse o caminho que os discípulos percorreram. No final desse caminho eles experimentaram que Jesus estava vivo, que caminhava com eles pelos caminhos da história e que continuava a oferecer-lhes a vida de Deus.

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